16 agosto, 2010

Green Zone

Realização: Paul Greengrass
Interpretação: Matt Damon, Jason Isaacs, Greg Kinnear
Ano: 2010      
                                                                             
       Em 2003, os Estados Unidos da América invadiram o Iraque com o fim de localizar as supostas armas de destruição massiva que se encontravam no país. A guerra eventualmente chegaria ao fim com os EUA a proclamarem-se vencedores, mas a verdade é que tais armas nunca foram encontradas. 
       Green Zone tem como base esse facto. Embora parta de uma premissa verídica, muito pouco da história teve como base pessoas ou contextos reais, devendo assim o espectador ver o filme como uma obra de ficção e não como uma espécie de documentário. Mesmo assim, a obra não deixa de expor uma verdade inconveniente para os EUA – algo que pode explicar o pouco sucesso que este filme teve no seu pais de origem. 
       Com leves inspirações no livro Imperial “Life in the Emerald City” de Rajiv Chandrasekaran, o argumento foca-se em Roy Miller, a personagem interpretada por Matt Damon, um sargento destacado para localizar as armas nucleares no Iraque que ao chegar aos supostos locais onde o armamento se encontraria nada encontra para além da dúvida se o objectivo da sua missão não foi simplesmente um pretexto para uma invasão com outros fins. 


 


       O espectador acompanha ao longo do filme o sargento enquanto este desvenda a cortina de mentiras à volta do verdadeiro motivo que o levou a participar numa guerra, travando a partir deste momento um conflito entre Miller que pretende divulgar a inexistência de armas de destruição massiva, e os serviços militares americanos que vêm este “abrir de olhos” do sargento algo muito inoportuno.
       Sendo a única personagem principal de todo o filme, a história é toda ela descrita sob o seu ponto de vista.
       A narrativa é frenética. Em nenhum ponto é aborrecida nem deixa de prender o espectador, num autêntico crescendo até ao final. É clara e objectiva o suficiente para agradar aos espectadores que procuram apenas um entretenimento, e consegue ao mesmo tempo ser rica e complexa para aqueles que procuram algo mais num filme. É um thriller com um equilibro perfeito entre o suspense e a critica política. 
       As personagens podiam ter sido mais trabalhadas. A única figura que acompanha o filme com relevância é o sargento Miller, mas nem este é aprofundado em nenhum ponto do filme, não permitindo a Matt Damon usar o seu potencial, nem permitindo ao espectador criar uma empatia com o herói. Mesmo assim, tanto a actuação de Matt Damon como de todas as personagens secundárias estão bem conseguidas, e embora não existam neste filme personagens memoráveis, todas elas possuem bastante credibilidade - algo que se alastra até aos figurantes, tendo o realizador Paul Greengrass escolhido militares para participarem no elenco.
       Qualquer pessoa informada já se deve ter questionado sobre os temas que o filme aborda, por isso Green Zone não é um filme que revele nada de novo. É, no entanto, bastante agradável ver a audácia com que o filme acusa os EUA de falsificação de provas que levaram a uma guerra seguida em directo por todo o mundo.
       Sete anos depois da invasão, já com Saddam Hussein capturado e executado, este épico bélico relembra-nos as condições dúbias em que os EUA declararam guerra, e nunca é tarde de mais para reflectir um pouco sobre as intenções que levaram à invasão do Iraque.

.João Miranda
[7/10]


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