18 janeiro, 2011

Toy Story 3

Realização: Lee Unkrich
Vozes: Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, John Morris, Michael Keaton
Ano: 2010
-----------------------------------------------------------------------                Toy Story 3 começa lembrando-nos do quanto fértil é a imaginação de uma criança, colocando logo o espectador numa cena de acção que mistura elementos de faroeste com ficção cientifica, dinossauros, e até uma nave em forma de porco. Uma cena curta mas cheia de ritmo em que cada momento é mais bizarro que o anterior, representando uma brincadeira de Andy enquanto criança. Aqui, não só nos lembramos do quanto surreal conseguia ser a nossa imaginação quando éramos crianças, mas é também – pelo menos para aqueles que viram os primeiros capítulos na altura - um reencontro com personagens que marcaram a nossa infância. Depois da cena inicial, vemos vários momentos da vida de Andy, sempre na companhia dos seus brinquedos, até que encontramos os que sobraram num baú, com um Andy já crescido.
        Os brinquedos lutam e sonham por mais uma brincadeira com o seu dono, mas este, ao contrário de Woody e companhia, está diferente. Já não olha para os mesmos com a magia que olhava outrora e certos gestos ou falas chegam a mostrar algum desprezo para com os brinquedos da sua infância. Chega a ser cruel, de certa forma, mas representa algo que todos nós já passamos, e que é impossível o espectador não se rever. Chama-se crescer.


        Enquanto Andy trata das arrumações para a universidade, decide levar Woody consigo como uma recordação dos seus tempos de garoto e deixar os restantes brinquedos no sótão. Contudo, com as reviravoltas do destino, todos os brinquedos acabam por ser doados a uma creche chamada Sunnyside, um sítio que, apesar das aparências iniciais, se revela um verdadeiro terror para os brinquedos. Apercebendo-se que Sunnyside não é lugar para eles, decidem então planear uma fuga desta ‘prisão’.
        A partir daqui o filme entra num crescendo de emoções. Desde risos, a momentos de cortar a respiração, a suspiros de alívio, o filme consegue ser cómico, divertido, e ao mesmo tempo possui uma certa dose de drama, tudo nas proporções certas. O drama aqui nunca é levado ao extremo, mas mesmo assim a Pixar consegue de uma forma subtil tocar nos pontos certos no nosso interior para nos fazer comover. De destacar, tentando não criar spoilers, o momento em que os brinquedos sentem que não há mais nada a fazer para além de darem as mãos. Um momento que apenas ele é o suficiente para provar Toy Story 3 como o melhor filme da Pixar até hoje.


        A nível cómico, os créditos vão principalmente para dois aspectos: A personagem Ken, um brinquedo metro-sexual e inseguro de si próprio por ser um brinquedo de menina, e a versão castelhana de Buzz com as suas peripécias para impressionar Jessy.
        Toy Story 3 é uma última brincadeira com personagens que acompanharam parte das nossas vidas. Dá a oportunidade às crianças que viram os primeiros dois capítulos da trilogia na altura a serem crianças mais uma vez. É normal que o filme tenha mais impacto para aqueles que cresceram com as personagens do que para os que só recentemente tiveram contacto com o mundo de Toy Story. Mesmo sendo um filme de animação, o filme apela mais ao público maduro do que ao público infantil: São os mais velhos que choram na despedida dos brinquedos sob o olhar confuso dos pequeninos. Ver Toy Story 3 é como ver um álbum de fotos nossas, onde revemos em Andy fases da nossa vida e para um certo público, o próprio filme pode ser uma recordação da nossa infância.
        A Pixar termina assim saga com chave de ouro, superando a fasquia dos dois filmes anteriores que já era bastante alta, e criando um marco no cinema de animação.

.João Miranda
[9/10]

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